Considerado como um dos maiores clássicos do
Neo-Realismo, o filme Ferroviário, do mestre
Pietro Germi (Divórcio à Italiana) revela um drama essencialmente humano e
dialético, através de um painel da sociedade italiana na década de 50. Apontado
pela critica como uma obra prima, o filme reúne um elenco formado por Pietro
Germi, Luise Della, Carlo Giuffré e Renato Spezialli para contar o drama comovente de Andrea Marcocci, um
veterano ferroviário que passa por uma séria crise existencial, devido a
problemas no trabalho, alcoolismo e o relacionamento difícil com seus dois
filhos, revelando a desagregação da família em função das dificuldades
econômicas e de uma profunda crise de valores morais.
Diante de tantas dificuldades, Marcocci se
entrega à bebida. O filme aprofunda uma analise das relações de trabalho, bem
como entre pais e filhos, e revela os bastidores da lenta desagregação de toda
uma família em consequência da pobreza, do vicio no álcool e mesmo pela falta
de opções ou mesmo de esperança. Emerge até mesmo o sistema burocrático e
impessoal de uma empresa ferroviária preocupada com o lucro pelo lucro, mas
deixando em segundo plano a dimensão humana dos seus empregados.
Tudo começa numa noite de Natal, quando Andrea
volta para casa tarde e embriagado. Mas a noite termina dramática: sua filha dá
luz a uma criança natimorta, fruto de um casamento forçado por Andrea. Mas os
acontecimentos não param aí, se desdobram em sequencias desgastantes para todos,
pois também as relações entre a filha e o marido vão de deteriorando de forma
gradativa, culminando com a sua separação.
Um complicador a mais é o suicídio de um
homem numa linha de trem e um quase acidente de graves proporções, que geram
problemas para Andrea no emprego. Ele é afastado da função de maquinista, o que
era o seu orgulho profissional e pessoal, sendo colocado num posto considerado
inferior e de menor relevância para atuar na venda de passagens.
A sua chance de voltar a operar locomotivas
ocorre, porém, durante uma greve dos ferroviários, mas isso lhe custa o
repúdio, acusações e problemas com os colegas de trabalho, que o veem como um
traidor e um fura-greve. Isolado, sem amigos e envergonhado, ele acaba
abandonando o emprego e passa a beber desbragadamente, mas acaba resgatado pelo
filho menor Sandro, um garoto de seis anos, muito esperto, que é decisivo no
apoio à sua reintegração para o trabalho e a família, resgatando o que havia
sido perdido num filme que trata das questões da anomia e da alienação através
do trabalho.
Ficha técnica
Título no Brasil O Ferroviário
Título Original Il Ferroviere
Ano de Lançamento 1956
Gênero Drama
País de Origem Itália
Duração 116
minutos
Direção Pietro
Germi
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