terça-feira, 12 de agosto de 2014

O ferroviário







Considerado como um dos maiores clássicos do Neo-Realismo, o filme  Ferroviário, do mestre Pietro Germi (Divórcio à Italiana) revela um drama essencialmente humano e dialético, através de um painel da sociedade italiana na década de 50. Apontado pela critica como uma obra prima, o filme reúne um elenco formado por Pietro Germi, Luise Della, Carlo Giuffré e Renato Spezialli para contar  o drama comovente de Andrea Marcocci, um veterano ferroviário que passa por uma séria crise existencial, devido a problemas no trabalho, alcoolismo e o relacionamento difícil com seus dois filhos, revelando a desagregação da família em função das dificuldades econômicas e de uma profunda crise de valores morais.
Diante de tantas dificuldades, Marcocci se entrega à bebida. O filme aprofunda uma analise das relações de trabalho, bem como entre pais e filhos, e revela os bastidores da lenta desagregação de toda uma família em consequência da pobreza, do vicio no álcool e mesmo pela falta de opções ou mesmo de esperança. Emerge até mesmo o sistema burocrático e impessoal de uma empresa ferroviária preocupada com o lucro pelo lucro, mas deixando em segundo plano a dimensão humana dos seus empregados.
Tudo começa numa noite de Natal, quando Andrea volta para casa tarde e embriagado. Mas a noite termina dramática: sua filha dá luz a uma criança natimorta, fruto de um casamento forçado por Andrea. Mas os acontecimentos não param aí, se desdobram em sequencias desgastantes para todos, pois também as relações entre a filha e o marido vão de deteriorando de forma gradativa, culminando com a sua separação.
Um complicador a mais é o suicídio de um homem numa linha de trem e um quase acidente de graves proporções, que geram problemas para Andrea no emprego. Ele é afastado da função de maquinista, o que era o seu orgulho profissional e pessoal, sendo colocado num posto considerado inferior e de menor relevância para atuar na venda de passagens.
A sua chance de voltar a operar locomotivas ocorre, porém, durante uma greve dos ferroviários, mas isso lhe custa o repúdio, acusações e problemas com os colegas de trabalho, que o veem como um traidor e um fura-greve. Isolado, sem amigos e envergonhado, ele acaba abandonando o emprego e passa a beber desbragadamente, mas acaba resgatado pelo filho menor Sandro, um garoto de seis anos, muito esperto, que é decisivo no apoio à sua reintegração para o trabalho e a família, resgatando o que havia sido perdido num filme que trata das questões da anomia e da alienação através do trabalho.



Ficha técnica
Título no Brasil       O Ferroviário
Título Original         Il Ferroviere
Ano de Lançamento          1956
Gênero         Drama
País de Origem      Itália
Duração       116 minutos

Direção        Pietro Germi

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