quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Os donos do poder





O que acontece nos meandros e no submundo da politica? Esta resposta foi conseguida com êxito por Sidney Lumet, considerado um dos mais expressivos diretores do cinema no filme os Donos do Poder (Power), de 1986, onde mostra o quão calculado e desumanizado se tornou o processo político eleitoral até mesmo em países democráticos como os Estados Unidos.

O filme reúne Richard Gere, Julie Christie e Gene Hackman atuando nos bastidores do mundo político, com foco na eleição de candidatos e na forma como são solicitados e exigidos os especialistas de marketing, que atuam até mesmo na seleção de temas de debate e no plano da política internacional. Eles também conduzem pesquisas eleitorais ou definem as imagens dos candidatos, mesmo com um elevado custo de campanha e comprometimento de valores morais.

O filme é interessante não apenas para os políticos, como também para que o eleitor comum possa compreender a complexidade e a sofisticação e a manipulação das imagens de candidatos criados artificialmente, muitas vezes sem nenhum conteúdo. A eleição de postes também tem referenciais até mesmo na política brasileira.

O filme começa com uma sequência em um país latino americano, quando ocorre um atentado político durante o comício de um dos candidatos. O candidato então abraça-se com uma das vitimas durante o conflito e sua camisa manchada de sangue passa a ser usada como símbolo para atrair os votos do eleitorado.

Uma outra questão mostrada e deixada clara pelo filme é de que quem não tem cacife, nem competência  e nem capital não se estabelece, em especial numa sociedade capitalista, em que os grupos econômicos trabalham e atuam na defesa dos seus interesses inclusive elegendo candidatos comprometidos com os seus esquemas nem sempre transparentes e nem legitimos.

Mas como nem tudo está perdido, um candidato independente, mesmo com pouco s recursos, mas com inteligência, pode emergir no cenário político e conseguir quebrar ou ultrapassar barreiras que antes pareciam intransponíveis.


O roteiro assinado por David Himmelstein partiu da ideia básica ao ver vários monitores com as propagandas políticas de vários candidatos diferentes, e os achou todos iguais, padronizados e pasteurizados. O grande mérito do filme é o de mostrar o quanto as personalidades dos políticos são construídas artificialmente  por assessores como o Pete St. John. E assim, eles acabam parecidos entre si, sempre fugindo do debate de questões polêmicas, e mostrando personalidades falsas no sentido de diminuir a rejeição do eleitorado. (Kleber Torres)

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