O que acontece nos meandros e no submundo da
politica? Esta resposta foi conseguida com êxito por Sidney Lumet, considerado
um dos mais expressivos diretores do cinema no filme os Donos do Poder (Power),
de 1986, onde mostra o quão calculado e desumanizado se tornou o processo político
eleitoral até mesmo em países democráticos como os Estados Unidos.
O filme reúne Richard Gere, Julie Christie e
Gene Hackman atuando nos bastidores do mundo político, com foco na eleição de
candidatos e na forma como são solicitados e exigidos os especialistas de marketing,
que atuam até mesmo na seleção de temas de debate e no plano da política
internacional. Eles também conduzem pesquisas eleitorais ou definem as imagens
dos candidatos, mesmo com um elevado custo de campanha e comprometimento de
valores morais.
O filme é interessante não apenas para os
políticos, como também para que o eleitor comum possa compreender a complexidade
e a sofisticação e a manipulação das imagens de candidatos criados
artificialmente, muitas vezes sem nenhum conteúdo. A eleição de postes também
tem referenciais até mesmo na política brasileira.
O filme começa com uma sequência em um país
latino americano, quando ocorre um atentado político durante o comício de um
dos candidatos. O candidato então abraça-se com uma das vitimas durante o
conflito e sua camisa manchada de sangue passa a ser usada como símbolo para
atrair os votos do eleitorado.
Uma outra questão mostrada e deixada clara pelo
filme é de que quem não tem cacife, nem competência e nem capital não se estabelece, em especial
numa sociedade capitalista, em que os grupos econômicos trabalham e atuam na
defesa dos seus interesses inclusive elegendo candidatos comprometidos com os
seus esquemas nem sempre transparentes e nem legitimos.
Mas como nem tudo está perdido, um candidato
independente, mesmo com pouco s recursos, mas com inteligência, pode emergir no
cenário político e conseguir quebrar ou ultrapassar barreiras que antes
pareciam intransponíveis.
O roteiro assinado por David Himmelstein
partiu da ideia básica ao ver vários monitores com as propagandas políticas de
vários candidatos diferentes, e os achou todos iguais, padronizados e pasteurizados.
O grande mérito do filme é o de mostrar o quanto as personalidades dos
políticos são construídas artificialmente por assessores como o Pete St. John. E assim,
eles acabam parecidos entre si, sempre fugindo do debate de questões polêmicas,
e mostrando personalidades falsas no sentido de diminuir a rejeição do
eleitorado. (Kleber Torres)
Nenhum comentário:
Postar um comentário