O filme The Dark Side do Chocolate ( O Lado
Negro do Chocolate) mostra que parte dos
três milhões de toneladas derivados
de cacau consumidos anualmente em
escala planetária é produzida com
o uso de trabalho infantil e tráfico de crianças, o que é negado por governos e
empresas envolvidas no processo. Este tipo de atividade é mais intensa no
continente africano, uma vez que no Brasil há uma fiscalização mais intensa por
parte de organismos do governo.
Tudo começa quando o premiado jornalista dinamarquês, Miki
Mistrati, decide investigar os rumores de que por trás da indústria de
chocolate estava o trabalho de crianças e em muitos casos, numa situação de semi escravidão. O filme revela a outra faceta desconhecida da
produção dos frutos de ouro, que gera riquezas para as indústrias processadoras.
A busca começa numa feira de chocolate na
Europa e se estende ao Mali, na África
Ocidental, onde câmaras ocultas revelam o tráfico de crianças para as
plantações de cacau da vizinha Costa do Marfim, que é o maior produtor mundial
e responde por 42% da produção em escala global.
Base
Usando câmeras convencionais e ocultas, o
documentário mostra que existem grupos
contrabandeando crianças a partir de uma
base em Zegova, do Mali para Costa do Marfim e revela que em 2001, foi assinado o Protocolo
Harlkin Engel, com aval do congresso americano visando a criação de um
sistema para certificar produtos de chocolate como livres de abusos como o
trabalho infantil e a escravidão.
O projeto protocolo foi subscrito pela Cargill, Hershey, Nestlé, Barry Callebaut,
Saf-Cacao e Mars, indústrias que
assumiram o compromisso de a erradicar
totalmente o trabalho infantil no setor chocolateiro até 2008, mas que até
2010, época do filme e mesmo nos dias atuais não havia sido cumprido
plenamente.
Estatística
Mike Mistrati revela que entre os países
fornecedores de mão de obra infantil, e adolescentes na faixa dos 12 aos 15
anos estão o Mali, Bukina Faso e Níger. As estatísticas mostram ainda, que grupos contrários ao tráfico de
crianças conseguiram resgatar 172 crianças em 2006, 140 em 2007, uma média de
150 crianças nos anos de 2008 e 2009.
O filme inclui entrevistas com crianças a
caminho das plantações ou trabalhando em fazendas na colheita de cacau e no seu
transporte para as bandeiras – montes onde os frutos são quebrados -, bem como
depoimentos de traficantes, de autoridades e representantes do segmento
industrial, que optaram por emitir uma nota conjunta dizendo que as empresas
não têm nenhum controle do processo produtivo nos países de origem do cacau
adquirido para posterior beneficiamento.
Uma outra revelação do filme é o caso do jornalista
francês Guy André Kiffin, que teria desaparecido no continente africano ao
investigar casos de corrupção e suborno envolvendo questões ligadas ao cacau ou
mesmo ao tráfico de crianças. Até hoje ninguém sabe o seu paradeiro, embora se
saiba que o mesmo está presumivelmente morto e sepultado.
Um outro dado importante mostrada no Lado
Negro do Chocolate, é que o quilo do cacau rende um euro, cerca de R$ 3, para o produtor nas fazendas e das mãos do
intermediário para o exportador, acaba sendo embarcado por 2,5 euros, o
equivalente a R$ 10. No processamento
final, um quilo de amêndoas rende 40
barras de chocolate em valor agregado para o industrial.
Ficha
Técnica
Título :The Dark Side
of Chocolate
Duração
: 46 min
Direção: Miki Mistrati e U. Roberto Romano
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