terça-feira, 12 de agosto de 2014

O lado negro do chocolate






O filme The Dark Side do Chocolate ( O Lado Negro do Chocolate)  mostra que parte dos três milhões de toneladas  derivados de  cacau consumidos anualmente  em  escala planetária é  produzida com o uso de trabalho infantil e tráfico de crianças, o que é negado por governos e empresas envolvidas no processo. Este tipo de atividade é mais intensa no continente africano, uma vez que no Brasil há uma fiscalização mais intensa por parte de organismos do governo.

Tudo começa quando o  premiado jornalista dinamarquês, Miki Mistrati, decide investigar os rumores de que por trás da indústria de chocolate estava o trabalho de crianças e em muitos casos,  numa situação de semi escravidão.  O filme revela a outra faceta desconhecida da produção dos frutos de ouro, que gera riquezas para as indústrias processadoras.

A busca começa numa feira de chocolate na Europa e se estende ao Mali,  na África Ocidental, onde câmaras ocultas revelam o tráfico de crianças para as plantações de cacau da vizinha Costa do Marfim, que é o maior produtor mundial e responde por 42% da produção em escala global.

Base

Usando câmeras convencionais e ocultas, o documentário  mostra que existem grupos contrabandeando crianças  a partir de uma base em Zegova, do Mali para Costa do Marfim e revela que  em 2001, foi assinado o Protocolo Harlkin  Engel, com aval do  congresso americano visando a criação de um sistema para certificar produtos de chocolate como livres de abusos como o trabalho infantil e  a escravidão.

O projeto protocolo foi subscrito pela  Cargill, Hershey, Nestlé, Barry Callebaut, Saf-Cacao e Mars, indústrias  que assumiram o compromisso de  a erradicar totalmente o trabalho infantil no setor chocolateiro até 2008, mas que até 2010, época do filme e mesmo nos dias atuais não havia sido cumprido plenamente.

Estatística

Mike Mistrati revela que entre os países fornecedores de mão de obra infantil, e adolescentes na faixa dos 12 aos 15 anos estão o Mali, Bukina Faso e Níger. As estatísticas mostram  ainda, que grupos contrários ao tráfico de crianças conseguiram resgatar 172 crianças em 2006, 140 em 2007, uma média de 150 crianças nos anos de 2008 e 2009.

O filme inclui entrevistas com crianças a caminho das plantações ou trabalhando em fazendas na colheita de cacau e no seu transporte para as bandeiras – montes onde os frutos são quebrados -, bem como depoimentos de traficantes, de autoridades e representantes do segmento industrial, que optaram por emitir uma nota conjunta dizendo que as empresas não têm nenhum controle do processo produtivo nos países de origem do cacau adquirido para posterior beneficiamento.

Uma outra revelação do filme é o caso do jornalista francês Guy André Kiffin, que teria desaparecido no continente africano ao investigar casos de corrupção e suborno envolvendo questões ligadas ao cacau ou mesmo ao tráfico de crianças. Até hoje ninguém sabe o seu paradeiro, embora se saiba que o mesmo está presumivelmente morto e sepultado.

Um outro dado importante mostrada no Lado Negro do Chocolate, é que o quilo do cacau rende um euro, cerca de R$ 3,  para o produtor nas fazendas e das mãos do intermediário para o exportador, acaba sendo embarcado por 2,5 euros, o equivalente a R$ 10. No processamento  final, um quilo de amêndoas rende 40  barras de chocolate em valor agregado para o industrial.

Ficha Técnica


Título :The Dark Side of Chocolate
Duração : 46 min

Direção:  Miki Mistrati e U. Roberto Romano

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